O Tiago Moreira Ramalho utiliza uma frase de Salazar ("os nossos pobres monárquicos") para dar título a um texto que mais não é do que uma demonstração de republicanismo primário. Republicanismo primário porque usa a figura do pretendente ao trono para legitimar o regime republicano. Só consigo perceber este tipo de estratégia por um motivo, a falta mais do que evidente de argumentos lógicos, sensatos e intelectualmente respiráveis.
Em primeiro lugar gostava de esclarecer uma coisa, o Salazar não era monárquico e a sua aproximação ao movimento monárquico foi puramente estratégica, servindo como meio de manter a simpatia de uma importante franja da elite intelectual portuguesa. Para provar estes factos basta lermos dois livros, que aconselho desde já ao Tiago, o "Salazar e a Rainha" de Fernando Amaro Monteiro e "O Roubo do Príncipe" do João Amaral. No entanto, é preciso lembrar vários nomes de monárquicos que lutaram contra o Estado Novo, de Henrique de Paiva Couceiro a Henrique Barrilaro Ruas, passando por João Camossa, Sousa Tavares, Sophia de Mello Breyner, entre muitos outros. Mas isto fica para outras núpcias.
Quanto à entrevista de D. Duarte de Bragança ao jornal i, apenas gostava de dizer duas coisas. Em primeiro lugar a entrevista demonstrou a lucidez do nosso pretendente ao trono e em segundo lugar marcou uma viragem no rumo do movimento monárquico. O pretendente ao trono apareceu a falar à imprensa dizendo claramente que está preparado para ser rei e que com monarquia irão acabar as trapalhadas na chefia de estado. Trapalhadas das quais o povo português está farto, com a excepção clara do Tiago Moreira Ramalho.
Para finalizar apenas uma nota sobre o artigo do Rodrigo Moita de Deus. O artigo está bem escrito, à semelhança do artigo do Daniel Oliveira, mas demonstra apenas uma opinião pessoal, de alguém que vem lembrar aos portugueses que os monárquicos não são apenas fadistas, toureiros e a malta dos bigodes retorcidos.
Adoro quando os republicanos caiem na critica fácil e no republicanismo primário. Falta de argumentos meus queridos.