Se ele tivesse morrido após o quarto hit todas as restantes músicas que lhe compuseram os primeiros anos de carreira ficariam para a história e, hoje, sonharíamos com a possibilidade de "ver Prince ao vivo". Não lhe desejo males mas, como o senhor manteve o ar nos pulmões e a pulsação, o facto de Prince ser "cabeça de cartaz" não me faz suspirar. Permanece a curiosidade que nos fez esperar pelo momento em que caiu a chuva purpura mas não nos levou a comprar bilhete, nem a chorar lágrimas rochas por mais um acorde.
A Ana Moura cantou quase tanto em duas músicas quanto o senhor que se passeou pelo palco durante uma hora e tal no seu, já conhecido ,fato branco.
-"Mas eu vim ver Ana Moura?"
-"Não, mas o Prince gosta"
Primeira conclusão: O Prince gosta de Ana Moura, o seu público-alvo nem sempre.
O tempo tem passado despercebido por este artista, deixando o assemelhar-se a um ícone embalsamado (mas que não é icóne porque está vivo, tendo em conta que para estar embalsamado convém estar morto).
"Que horas são?" perguntou pelo menos quatro vezes.
Segunda conclusão: O Prince é pago ao minuto. Como não tem músicas para encher uma hora e meia esticou o purple rain o tempo suficiente para eu ouvir três minutos de música, encontrar o carro e chegar a Lisboa.
Lembrei-me de Madonna - a mulher que não tem de morrer, porque já é um ícone em vida. E outros grandes artistas que viveram longos anos (alguns desapareceram , tornando-se "mortos vivos"). O que gosto no Prince, ao nível musical, tem pelo menos vinte anos de existência mas ele não admite desaparecer.
Terceira conclusão: O Prince chama-se mesmo Prince, mas não é rei. É um cantor que quer ser icóne, mas apenas três ou quatro das suas músicas alcançaram esse estatuto.
Para conclusões pertinentes, por favor consultar República do Caústico.