6.2.09

 

Ainda não compreendi bem o que é isto do facebook. Eu que me faço passar vezes sem conta como especialista na coisa e que até me dei ao trabalho de escrever um livro sobre as tecnologias 2.0, não sei o que é o facebook. Em tempos até tive um hi5 mas, sem desprimor para as pessoas que ainda o têm, achei que era uma imensa falta de tempo e de bom génio que motivasse outras preocupações - mas isso é a minha mentalidade neo-conservadora, como dizem os colegas de escritório. Para além disso, há aqui uma série bastante complexa de preceitos éticos que abalam a minha alma quando penso no facebook e similares. Passo então a explicar a minha opinião em três pontos.

 

Estes sistemas, em primeiro lugar, são ofensivos do conceito de amizade, pelo simples motivo de nos fazerem catalogar, por ordem alfabética, aquilo que nós chamamos de amigos - conceito que para além de redutor demonstra a banalidade em que transformamos a palavra a amizade.

 

Em segundo lugar, estes sistemas funcionam como uma forma de conhecermos pessoas - a mais macabra forma diga-se. Portanto, nós vamos conhecer pessoas, dizer-nos interessados numa possível amizade, numa hipotética relação, baseando-nos num monte de banalidades como os filmes preferidos, os livros do costume e duas ou três músicas e, como não podia deixar de ser, nas fotografias - ou seja, conhecer uma pessoa no universo 2.0 trata-se, por norma, de um mero conjunto de conceitos fúteis. Os engates então nunca resultam bem.

 

O terceiro ponto é o voyeurismo que se vive nestes sistemas facebook e similares. Nós damo-nos ao trabalho de colocarmos, dia após dia, semana após semana, fotografias nossas, para que os outros vejam as viagens que fizemos, as festas onde estivemos e os novamente amigos que temos - ou seja, abdicamos da nossa privacidade e oferecemos aos outros. Em troca de quê? De nada, a não ser de gabarolice. Para além disso, estes sistemas, do ponto de vista do voyeurismo, têm uma característica que eu considero inacreditável, que é o facto de nós permitirmos que todas as pessoas vejam as mensagens e os "testemunhos" que deixamos aos nossos pseudo-amigos. Ter alguém a dizer bem de nós faz-nos sentir importantes.

 

Ainda que obviamente céptico quando ao facebook vou observando a coisa e nunca digo nunca. Mas para já não me parece que esteja interessado nem em catalogar os meus amigos, nem em conhecer "amigos" virtuais e muito menos em dar a conhecer as conversas que tenho com as outras pessoas.. Vou vivendo bem assim.

link do postPor João Gomes de Almeida, às 04:52  comentar

De anabarbarasantoantonio a 12 de Fevereiro de 2009 às 11:36
Começo a achar que só existimos de facto se houver alguém que nos veja existir...e o que dizemos nada significa se ninguém o ouvir... assim... estar rodeada de amigos é como ver a nossa identidade confirmada... será o melhor reconforto nesta ousadia de palavras imagens em afectos partilhados no planeta do éter... enquanto a vida se tange pelos sentidos engrandecidos pelo elemento humano despertado na sensação da paixão virtual conduzida através do ciclo dimensional da sensualidade imaginada pensando a vida refinada a gosto até ser encontrada a essência do prazer de se estar vivo em tantos lugares diferentes na vida de tanta gente...sensual net de sedução e loucura.
[Error: Irreparable invalid markup ('<br [...] <a>') in entry. Owner must fix manually. Raw contents below.]

Começo a achar que só existimos de facto se houver alguém que nos veja existir...e o que dizemos nada significa se ninguém o ouvir... assim... estar rodeada de amigos é como ver a nossa identidade confirmada... será o melhor reconforto nesta ousadia de palavras imagens em afectos partilhados no planeta do éter... enquanto a vida se tange pelos sentidos engrandecidos pelo elemento humano despertado na sensação da paixão virtual conduzida através do ciclo dimensional da sensualidade imaginada pensando a vida refinada a gosto até ser encontrada a essência do prazer de se estar vivo em tantos lugares diferentes na vida de tanta gente...sensual net de sedução e loucura. <BR class=incorrect name="incorrect" <a>Étienne</A> Bonnot de Condillac defendendo a sua própria doutrina do sensualismo no seu Traité des Sensations pelo princípio de que todas as ideias provêm dos sentidos, a intencionalidade do pensar provocando estímulos no ser ... assim as sensações tornam-se memória... as lembranças tornam-se imaginação... os sentimentos tornam-se desejos... o desejo preponderante torna-se paixão e o desejo estável torna-se vontade deixando que o espírito se projecte nessas vivências casuísticas . nas faculdades adquire consciência e torna-se existência... flui nos meandros virtuais chegando ao mundo em paginas inusitadas. <BR>Excelente trabalho de pensamento e razão... escorrido o sumo intelectual... colheita vintage desta sensualidade em palavras. <BR class=incorrect name="incorrect" <a>ana</A> barbara

Ana Anes

Ana Anes nasceu em Lisboa a 2 de Abril de 1973, com o cordão umbilical bem preso no pescoço. Pode-se dizer que é uma sobrevivente (alegre) e, como tal, decidiu festejar a vida com um carácter irreverente, livre de constrangimentos e da opinião alheia, com uma faceta “bombista-literária” em que não se levando a sério - porque a vida já é demasiado pesada por si mesma...
Tem dois livros publicados, e já escreveu em vários órgãos de imprensa, como O Independente, Destak, DNA, Maxmen, Correio da Manhã e Playboy. Os seus blogues já deram muito que falar.
Ana Santiago

Primeiro queria ser médica de autópsias, depois teve a mania de ser jornalista e apaixonou-se pela rádio, acabou por dedicar-se ao serviço público e vive uma relação passional com Lisboa, como sede no poder local, onde editou a Agenda Cultural.
Licenciada em Comunicação, resignou-se ao facto de pouco mais saber fazer na vida do que comunicar, de manhã à noite, com toda a gente e, se mais ninguém houver por perto, com ela mesma. Acredita que é com o coração.
Cátia Simão

Foi em véspera de uma Sexta-Feira 13 de Setembro que sua mãe conheceu o rosto enrugado e percebeu que não era o David (sobre o qual) tanto conversara durante 9 meses. Daí para a frente foi muitos nomes a até se assentar como Cátia. Cresceu pensando que iria ser modista, mas não tinha muito jeito para fazer costuras e braguilhas. Virou-se para a arqueologia e seguiu outro caminho, a música, os filmes e a rádio. Seguiu-se dos seus amores de garota. Ainda hoje procura as agulhas do seu giradiscos portátil na bainha de um vestido rosa da moda. É muito feliz e gosta de sorrir.
Cláudia Köver

Tem os ensinamentos anglo-saxónicos cravados nas sardas e o amor às artes nas pontas dos dedos. O gosto pela manta das Relações Internacionais, adquirido pelos retalhos da herança familiar, consome-se nas almofadas do mestrado. Seguiu um coelho branco e calçou os saltos de jornalista EM que de momento lhe assentam os pés. Deixou pequenas pegadas nas páginas da “Pública”, da revista “Nós” do Jornal i, do Jornal Briefing e da televisão Arte. Incapaz de se manter fiel ao amor por um só par de sapatos, fez cursos em instituições europeias e teve aulas de representação em palco poeirento. Infelizmente, não teve dom para fazer dinheiro como viajante, mas soma este aos restantes vícios: desde a última tarde de 86 que não se inibe de sorrir e sonhar.
Inês Leão

Registada na bela freguesia de Mem Martins, Inês teve uma infância feliz, até ao dia que teve de abandonar o ballet por ter as pernas tortas (erro que nunca foi corrigido pelas botas ortopédicas ora azuis ora castanhas, que usou até tarde). Sempre gostou muito de desenhar, tendo como maiores influências os filmes clássicos da Disney, a Barbie e o seu pai. Quando teve de escolher a sua área optou por artes, por não ter matemática, não fazendo ideia que teria de gramar com geometria descritiva. É recém-chegada no design e o seu sonho é ser uma designer de sucesso, trabalhando a partir do seu iate privado na marina da Costa Nova, na Ria de Aveiro.
Nuno Miguel Guedes

Nuno Miguel Guedes nasceu em Lisboa em 1964. Jornalista, esteve no inicio de O Independente, de onde saiu em 1990 para a revista Kapa, de que foi co-fundador e co-afundador. Escreve para várias publicações e é colaborador pemanente da revista Visão (cultura) Letrista sempre que o deixam, guionista de televisão, bloguista, DJ ocasional, anglófilo, fanático da Académica e de livros. Nos tempos livres pratica o dry martini.
Pedro Rainho

Nasceu no iníco da década de 60, na vila de Sintra. Filho de família aristocrata, cedo forçou-se a desiludi-la. Aos 14 anos já estava ilegalmente no MRPP, onde foi companheiro de luta académica de Durão Barroso, na Faculdade de Direito. Mal acabou o curso viu nascer Abril e ingressou no jornalismo. Tornou-se barbudo e descobriu o fado, a monarquia e os touros. Por esses quatro motivos entrou com o Nuno Miguel Guedes no PPM e dedicou-se ao jornalismo como paquete de Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso n'O Independente. Escreveu três ensaios sobre literatura russa medieval, traduzidos em mandarím e tchecheno. Deu aulas na Independente e consumiu marijuana com o comandante Zapata, durante uma fotoreportagem. Tudo isto é mentira - mas bem que podia ser verdade, não tivesse ele nascido na década de oitenta e ser um jovem jornalista precário. É o que dá ser novo.
Tomás Vasques

Advogado de profissão, não se deixou enclausurar em códigos e barras. Arrumado na prateleira da esquerda pela natureza das coisas, desenvolveu na juventude – ainda as mil águas de Abril não tinham chegado – gostos exóticos, onde se incluíam chineses, albaneses e charros alimados. Navegou por vários territórios: da pintura à América Latina, da escrita à actividade política. Gosta de rir, de cozinhar, de Roberto Bolaño, de amigos, cerveja e peixe fresco. Irrita-se com a intolerância e o autoritarismo. É agnóstico. Apesar da idade, ainda não perdeu o medo do escuro, do sobrenatural e das ditaduras.